ARTE COM CRIANÇA NUM PROJETO DE EDUCAÇÃO POPULAR MACROECUMÊNICA


A ARTE COM CRIANÇA NO MUTIRÃO DO CURSO DE VERÃO
Fecharam horizontes, restam as fontes.
Se abres caminhos, com alma e mão repletas de chão,
seremos dois e muitos depois (salva)


A cada ano, dezenas de educadores e educadoras se reúnem a outras centenas de artistas populares no Curso de Verão promovido pelo CESEP. Propomo-nos a enfrentar ecumênica, artística e pedagogicamente um tema importante para a construção da cidadania solidária no Brasil, com o foco na infância e adolescência.
Em 2012 aprofundaremos a dimensão inter religiosa da ação com crianças e adolescentes das tradições religiosas:
RELIGIÕES CONSTRUTORAS DE JUSTIÇA E PAZ
A história da humanidade está permeada de dominações, escravidão, sujeições, negando o ser humano enquanto pessoa livre e enquanto povo capaz de decidir o rumo de sua vida. No Brasil também vivemos nosso jeito de enfrentar tais descaminhos da humanidade. As nossas rebeldias coletivas têm ainda pouco reconhecimento público, mas ficam na memória subversiva do povo.
Os artistas da vida e do belo são mestres em não aceitar as formas de organizar a sociedade que destroem a vida. Começa a ser artisticamente livre aquele que toma coletivamente a aventura da história na mão, compreendendo a grandeza do viver e agir comunitários.
Não é preciso lembrar que ficam na história os poetas, lutadores, escritores, pintores, educadores, místicos, políticos, músicos, que desafiam seu tempo e também o futuro. Zumbi, Gandhi, Dom Helder Câmara, Martin Luther King, Dorothy, Margarida Alves, Marçal Tupã I, Adelaide Molinari, Chico Mendes, desejando com Vinicius de Morais 'que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure'.
Assim a prática coletiva do Curso de Verão é a expressão artística coletiva atravessada pela vida da comunidade humana em solidariedade criativa e feita com a participação ativa das meninas e meninos, sujeitos de direitos e da história.



O CESEP, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular, inaugurou um tempo propício para a vivência comunitária de saberes do corpo e da palavra, do movimento e da interioridade, dos desafios planetários e do cotidiano. Em vários estados do Brasil e alguns países da América e África, vai se espalhando esta experiência que em São Paulo se chama Curso de Verão e que já tem 18 anos. Curso de Inverno, Curso de Verão, Tambor, são nomes desta experiência de educação popular ecumênica.
O Curso de Verão se constitui num dos espaços da grande universidade popular que constrói coletivamente o saber permeado de múltiplas vivências e lutas, de movimentos, da tessitura de redes de defesa da vida, de experiências de liberdade solidária, de festa e de agendamento da esperança, de riscos e martírios no compromisso evangélico.
A palavra, a pintura, o jogo, a escultura, os contos, a música, o texto, o saber, as vivências coletivas, a dança, a poesia, a dramaturgia, as imagens, a pedagogia, a política, a celebração, o movimento, o encontro, a culinária, os jardins cultivados, os estudos nos grupos, a assessoria, as ervas compartilhadas... quantos acontecimentos! Quanta plural beleza.
Das janelas da arte, da estética, da beleza, apreciamos a realidade com outros olhos. A beleza comunitária nos humaniza. Olhos educados à beleza, corpos lançados à arte, criam a percepção de tal dimensão em todas as coisas. Não somos apenas artistas, mas uma obra de arte coletiva em eterna incompletude, uma auto-criação feita em mutirão.
Na ARTE COM CRIANÇAS, o mutirão torna-se também um acontecimento criativo, uma aposta coletiva nas possibilidades humanas que desde a infância são capazes de romper com padrões domesticadores, destinos pretensamente irrevogáveis. No Curso de Verão a ARTE COM CRIANÇAS quer ser uma célula viva, criativa, com características comunitário e sapienciais, no corpo do acontecimento histórico-social. Esta célula livre e criativa, quer transmitir energia emancipadora para outras células, formando uma comunidade 'orgânica' com tantas outras artes do Curso de Verão e com tantas outras histórias pedagógicas no Brasil. Participamos assim do povo do Reino de Deus, um órgão entre os órgãos do povo, momento vivencial de produção do corpo eclesial, do corpo social, de uma subjetividade comunitária livre e criativa.
Vivencia-se uma espiritualidade fecunda no cotidiano, ternamente celebrada com os elementos profundamente simbólicos da terra, do universo e da vida. Ativam-se as inter-relações afetivas de forma vibrante e acolhedora.